A reconstrução mamária moderna começou em 1964 com a introdução do implante mamário de silicone. Desde então, os implantes evoluíram, embora os componentes básicos tenham permanecido essencialmente inalterados. Eles podem ser usados para fins reconstrutivos ou estéticos.
● Os implantes podem ajudar a restaurar a aparência normal da mama após a retirada da glândula mamária para o tratamento do câncer de mama, seja de forma total (mastectomia) ou parcial, ou após cirurgia de redução de risco. Além disso, podem auxiliar na correção de defeitos congênitos (desde o nascimento) ou traumáticos ou para tratamento de assimetrias significativas (mamas muito diferentes).
● Os usos estéticos de implantes melhoram uma mama normal e incluem aumento de mama e, menos comumente, implantes podem ser usados em conjunto com uma mastopexia (cirurgia redutora de mama).
Implantes preenchidos por solução salina são denominados expansores e os preenchidos por silicone são denominadas próteses de silicone. Ambos estão disponíveis em uma variedade de larguras, alturas e projeções. Podem também ter uma textura lisa ou texturizada.
A abordagem nesse post será direcionada para o contexto oncológico/reconstrutor. Qual o passo a passo desse processo?
Na maioria dos casos, os implantes são colocados em localização retromuscular (atrás do músculo peitoral maior).
Geralmente, o primeiro estágio da reconstrução mamária com implante inclui a colocação do expansor. Estatísticas de procedimentos da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos de 2020 demonstram que quase 80,6% das reconstruções mamárias são realizadas em duas cirurgias, usando primeiro um expansor. Este tipo de implante é um invólucro de silicone preenchido com solução salina via uma válvula acoplada. Na primeira cirurgia preenchemos o expansor com uma pequena quantidade de solução salina e o restante da expansão é feita no consultório até alcançar o volume completo e adequado. Após essa etapa, uma nova cirurgia é feita, quando o expansor é removido e substituído pela prótese de silicone.
Em alguns casos, a reconstrução mamária é feita com a prótese de silicone sem uso do expansor. A indicação cirúrgica é sempre individualizada e se baseia em alguns fatores: tamanho da mama desejada, qualidade do músculo, tratamento oncológico pré e pós cirurgia, comorbidades, obesidade, dentre outros.
Aconselhamento das pacientes
Devemos nos lembrar que toda cirugia tem um risco inerente ao procedimento, por exemplo: infecção, abertura da ferida, cicatrização ruim, sangramento, reoperação, resultado estético insatisfatório, assimetria mamária, perda do implante, etc.
Além das condições citadas acima, duas preocupações específicas no contexto dos implantes mamários são consideradas na conversa entre cirurgião e paciente. Elas são raras mas devem ser conhecidas:
1. Linfoma anaplásico de grandes células associado ao implante mamário (BIA-ALCL)
2. Complexo de sintomas conhecidos como doença do implante mamário/ Doença do silicone/ Síndrome de Asia/ Siliconose
Linfoma anaplásico de grandes células associado ao implante mamário (BIA-ALCL): linfomas mamários constituem um grupo raro, correspondendo a 0,04% a 0,5% de todas as doenças malignas da mama. O linfoma anaplásico associado ao implante é ainda mais raro. O risco real de desenvolver essa condição ao longo da vida não é bem definido, os estudos são conflitantes.
A manifestação mais comum é o acúmulo de líquido próximo à prótese após 1 ano da colocação, maioria dos casos após uma média de 9 anos, condição denominada seroma tardio. Além disso, massas palpáveis podem estar presentes na mama e/ou na axila.
Na maioria das vezes, BIA-ALC é curável apenas com cirurgia (remoção do implante e da cápsula circundante).
“Doença do Silicone”: nos últimos anos, identificou-se algumas condições de saúde que apresentam resposta exacerbada do sistema de defesa do nosso corpo (também conhecida como resposta imunológica, autoimune e/ou auto-inflamatória). Elas apresentam um conjunto semelhante de sinais e sintomas, sugerindo um denominador comum. O que isso significa? Acredita-se que uma pessoa com predisposição genética possa desenvolver uma doença autoimune ou auto-inflamatória após a exposição a um determinado fator ambiental, por exemplo silicone, vacinas, infecções, toxinas e drogas. Esses fatores são denominados adjuvantes imunológicos. Nesse contexto, alguns estudos sugerem incluir essas condições em uma síndrome intitulada ASIA, “Síndrome Autoimune (Auto-inflamatória) Induzida por Adjuvantes”.
O debate acerca da exposição ao silicone (implante mamário) e sua associação com fenômenos imunológicos existe há muitos anos e é muito discutível uma vez que os estudos são controversos. De modo geral, alguns sinais e sintomas descritos nessa síndrome são dor no corpo, cansaço anormal, cognição prejudicada, depressão, olhos secos, boca seca, anormalidades da pele, formigamento do corpo, glândulas axilares inchadas e sensíveis, febre inexplicável, perda de cabelo, dor de cabeça e rigidez matinal. Os sintomas tendem a melhorar após retirada do adjuvante, neste caso, o implante mamário.
Relação da retirada da mama com a reconstrução
Devemos lembrar que o tratamento do câncer de mama busca um resultado oncológico associado a um resultado estético. Cada indivíduo tem uma relação com suas mamas, mas de modo geral, elas representam feminilidade, sexualidade, auto confiança, dentre outras características. Portanto, em nossas cirurgias sempre tentamos oferecer o melhor para a paciente em todas as esferas.
Lembre-se, cada caso é um caso e devemos fazer uma análise individualizada.
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